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CRIANÇA ESTÁ CONSTRUINDO UM MUNDO NOVO A criança não vai viver no mundo em que nós vivemos e, portanto, tem o direito de construir o mundo em que vai viver. Conversando com uma criança de dez anos sobre guerra nuclear, ela nos disse: “Eu acho que os adultos têm inveja porque eles vão morrer, e a gente, criança, é que vai ficar, e aí, eles querem destruir o mundo”. Talvez essa criança tenha uma profunda razão no que diz. Muitas vezes queremos impor formas de ser, que, no fundo, apenas revelam como somos frustrados por não termos feito diferente ou porque somos incompetentes para mudar. A velha frase de que a criança de hoje é o homem de amanhã não deveria ser esquecida. Os
adultos, de maneira geral e particularmente os professores, estão,
frequentemente, dominados por seus valores, sua moral, seus medos e ambições e
tentam, a todo custo, impô-los às crianças. Muitas vezes essa imposição é
feita de maneira suave, fazendo uso de “chantagem afetiva”; os pais,
particularmente, utilizam muito este método, ao passo que os professores tendem
a repressão pura e simplesmente, dizendo o que é certo e o que é errado.
Sempre que uma criança colocar uma questão, seja de natureza científica, social, moral ou religiosa, é importantíssimo devolver a pergunta e pedir sua opinião, a de seus colegas, a de outros adultos, confrontar as respostas e discuti-las e depois dar a sua, apenas como uma idéia a mais para ele pensar... Não
devemos dar a crianças respostas prontas, restritas, com pré-conceitos ( deve,
pode ,tem que, só assim...)não só porque atrapalhamos em sua busca
intelectual, mas, principalmente, porque representamos um poder em que a
criança acredita e confia, aniquilando seu poder de escolha. Quando passamos
algo para as crianças que não foi construído por elas, estamos
impossibilitando trocas mais justas entre adultos e crianças. Sendo os adultos símbolos de poder para as crianças, a atitude sábia é de ser a de ajudar a criança na construção das regras, normas, valores, noção de justiça etc. Lembremos sempre que as regras sociais, os valores, a simbologia, a moral, a religião variam conforme o grupo social, conforme cada sociedade e, portanto, não são verdades absolutas, tudo depende de muitos fatores. Quando
emitimos nossa opinião devemos ter a honestidade de informar às crianças que
outras pessoas pensam diferente, que existem várias opiniões sobre um mesmo
tema; é o mínimo que os adultos podem fazer e, principalmente, os professores.
Quando a questão for de natureza cientifica, propor a realização de
pesquisas, se possível, de experimentação, confrontar as opiniões de
diferentes crianças, pedir a elas que perguntem aos seus pais, tios, amigos,
que tragam as respostas para serem discutidas. |
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